O profeta


Do alto da minha torre
Envolta em neve e luar
Olho um mundo a contorcer-se
Competir e labutar.

O silêncio me acompanha,
Eloquente não-falar...
No bordado da minha fronha,
Nenhum sonho a se sonhar.

Do alto da minha torre
Pego um raio de luar
Desço ao mundo, falo aos homens,
Da importância de amar.

E eles me ouvem um pouco,
Mas logo prendem os dedos
Nas engrenagens do tempo
E consideram-me louco.

Volto ao alto da minha torre
Esquecendo as profecias...
Já não há gente no mundo,
Somente almas vazias

Que já nem tem esperanças,
São inúteis, mortas, frias,
Vem a névoa, encobre a torre
-Quem sabe, eu desça outro dia?...





Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 20/05/2014
Reeditado em 13/06/2017
Código do texto: T4813406
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