O profeta
Do alto da minha torre
Envolta em neve e luar
Olho um mundo a contorcer-se
Competir e labutar.
O silêncio me acompanha,
Eloquente não-falar...
No bordado da minha fronha,
Nenhum sonho a se sonhar.
Do alto da minha torre
Pego um raio de luar
Desço ao mundo, falo aos homens,
Da importância de amar.
E eles me ouvem um pouco,
Mas logo prendem os dedos
Nas engrenagens do tempo
E consideram-me louco.
Volto ao alto da minha torre
Esquecendo as profecias...
Já não há gente no mundo,
Somente almas vazias
Que já nem tem esperanças,
São inúteis, mortas, frias,
Vem a névoa, encobre a torre
-Quem sabe, eu desça outro dia?...