FANTOCHE DOS DEUSES
Mudei o percurso... Nunca mais o deslumbre...
Adeus Chapeuzinho Vermelho, Lobo Mau, fantasias...
Branca de Neve, Pinóquio, Cinderela...
Ilusões, não mais iguais, àquelas...
Perderam muito da antiga aquarela,
a histórias que me enlevaram...
Monstros de agora, brincam de guerra em minha tela insana...
No lugar de grama a gana humana plantou sadismo.
Sorte não há e nem futuro...
Futuro? Imenso muro a vedar o ouro das manhãs...
Guardiã de memórias, mergulhei lá dentro...
Ouço os pássaros da tristeza a pipilarem vazios...
Quanto mais constato, mais eu morro..
Socorro não há e nem retorno...
Enfurnada em assombro, escavo os idos,
dias carpidos aos sorrisos fartos;
partos da vida em cada hora e o sonho,
há muito abandonado sem adorno.
Quem dera a viravolta, e eu menina
de novo arrebanhasse a poesia...
Mas ilha, essa mortalha e a inexpressiva,
face! Na exaustão de ser real fantoche,
dos deuses da homologia...