FANTOCHE DOS DEUSES

Mudei o percurso... Nunca mais o deslumbre...

Adeus Chapeuzinho Vermelho, Lobo Mau, fantasias...

Branca de Neve, Pinóquio, Cinderela...

Ilusões, não mais iguais, àquelas...

Perderam muito da antiga aquarela,

a histórias que me enlevaram...

Monstros de agora, brincam de guerra em minha tela insana...

No lugar de grama a gana humana plantou sadismo.

Sorte não há e nem futuro...

Futuro? Imenso muro a vedar o ouro das manhãs...

Guardiã de memórias, mergulhei lá dentro...

Ouço os pássaros da tristeza a pipilarem vazios...

Quanto mais constato, mais eu morro..

Socorro não há e nem retorno...

Enfurnada em assombro, escavo os idos,

dias carpidos aos sorrisos fartos;

partos da vida em cada hora e o sonho,

há muito abandonado sem adorno.

Quem dera a viravolta, e eu menina

de novo arrebanhasse a poesia...

Mas ilha, essa mortalha e a inexpressiva,

face! Na exaustão de ser real fantoche,

dos deuses da homologia...

ANA MARIA GAZZANEO
Enviado por ANA MARIA GAZZANEO em 07/05/2014
Reeditado em 07/05/2014
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