AMIGO TEMPO


Queria um tempo caindo sobre  rosas,
rosas, só rosas, sem espinhos.
E o  rosto do duende sorrindo
nessa hora  maravilhosa.
 
Queria a mão pegando a chuva
para lavar  o pensamento
e aquele guarda-pó que não se usa
guardando o pó dos ventos.
 
Assim, invento o olhar que tudo sabe,
mas Deus! há tantas e tantas portas!
Não há letras nas mensagens
e toda chave se entorta.
 
O jeito é  inclinar, manter  silêncio
do mundo exterior despovoado.
Se chorar, chorar baixinho.
Todo ombro está ocupado.
 
Se cais, amigo tempo,
levando manhãs, tardes e noites,
ao menos para meus pensamentos,
caias da montanha, como fonte.




Imagem: Super beautiful photos (fb)
 
 
 
 
 
Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 25/04/2014
Reeditado em 26/04/2014
Código do texto: T4782895
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