APOTEOSE FATAL (de "O Plasma")

Os raios dourados

do Sol

brilham

sobre as torres abauladas

e sobre as pirâmides

da cidade do horizonte

do Sol.

Os anões disformes

contemplam

os efeitos da radiação

em seus pequenos corpos

decompostos:

células e hormônios

estagnados

pela própria programação

genética absurda.

A indefinida face

da esfinge pálida

prenuncia o eclipse

e o caos,

densas sombras indeterminadas

lançadas

sobre o tempo,

igualmente incorretas

e obtusas.

Fantasmagóricas formas nuas

que adornam

os anéis crepitantes

ao longo dos dedos.

Virginais lábios metálicos,

abandonados

pela multidão

circunspecta e impura:

delírio do homem

conservador e sóbrio,

recompensado afinal

pela lânguida possibilidade

de uma única apoteose

inútil

e fatal.