AS MOSCAS AZUIS
Elas viviam em um enxame
De brilhantes moscas azuis,
E refletiam, do sol, a luz
Que elas diziam ser sua.
Às vezes, diziam-se musas,
Faziam-se intrusas,
Rodavam as saias sujas,
Camuflavam garatujas
Polissilábicas
Coladas com goma arábica.
As almas rábicas
Teciam colares
Com os quais, se enforcavam.
Usavam no peito um camafeu
Feio, feérico, fétido,
Recheado de intrigas
Onde viviam formigas.
E as moscas azuis brilhavam,
Zuniam, pousavam
Comiam as carnes e os olhos
Daqueles nos quais pousavam.