Saia dessa vida de cobaia
Fuja desse laboratório
A vida não é experiência.


Do chão germinam vidas e vermes
No céu  pássaros lhe espreitam
E aviões dominam o espaço.


Saia dessa jaula
Rasgue as vestes
Queimem os escritos
Emudeça o verbo.

Nada é definitivo.
Eternamente provisório.
Provisoriamente eterno.

Saia.
Bata a porta.
Tranque suas emoções
na página do espírito.
Leve um casaco,
pois pode chover lirismo
Banal e úmido
de lágrimas...

Saia
Descarte o excesso.
Seja polidamente correto.
Sorria apesar da vontade
de grunir,
de ganir e rosnar.

Uma vez lá fora.
Feche a porta.
Guarde as chaves.
Cerre os punhos.

Caminhe na reta
nas curvas
incertas do caminho.
Conte os passos.
Respire lentamente.
Digite mentalmente
seu rumo.

Pergunte ao GPS.
Qual melhor caminho.
As vezes é melhor
vagar perdido
do que encontrar
as certezas científicas
do satélite.

Chegando ao destino.
Ouça os pensamentos soturnos.
A intuir
e a esbravejar
nomes secretos,
sentenças criptografadas e
indecifráveis.

Algoritmo.
Fórmula.
Design.
Geografia geométrica.
Estética
contemporânea:
rápida,
funcional
e mutável.
 
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 23/03/2014
Reeditado em 28/03/2014
Código do texto: T4740183
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