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DEDOS
 



Retos, em riste,
Tracejando pontos
Torneando,
Contornando,
Pedem silêncio
Apontando.
 
Espalham o brilho
No lábio seco,
E tecem o pano,
Habilidosos.
 
Com a ponta,
Testam a água,
Apertam botões,
Cutucam mentes.
 
Fazem um sinal
Obsceno,
Depois, erguem dois
Em paz e amor.
 
Molham na língua,
Virando a página,
Marcam o caminho
Da linha, à unha.
 
Erguem-se em dúvida,
Descascam  a uva,
Fazem o sinal
Da cruz, furtivos.
 
Tamborilam
Sobre a mesa,
Marcando o tédio
Cobrindo a boca
Que boceja.
 
Dão petelecos
No que desprezam,
Esmagam sonhos
Com o polegar.
 
Dedos temidos,
Mas distraídos:
um belo dia
São esquecidos
Por sobre o cepo
Aonde desce
A guilhotina.


 
 
Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 10/03/2014
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