Deitando cartas

Traçadas e cortadas se calam

até serem destacadas e abertas.

Nesse ritual por mãos alertas

e linguas afiadas, se entregam.

Deitadas no veu elas bailam

parecem conspirar sem metas,

mistura de imagens incertas

mas basta um olhar elas falam.

Uma dama de ouro

se esguicha à procurar.

- 'Qual rei vem me visitar'?

Se me querem eu aviso:

Não seja um Pagem Narciso

pois quem beber dessa taça

verá que amar é preciso.

O Eremita declara:

-Tento ver minhas sombras

e revolver os meus medos,

o mundo de fora me aflora

entre sonhos e pesadelos...

Oh Louco, como prosseguir?

-É so não temer o abismo

quem acha tolice arriscar

tem muito menos juízo!

Eis o mistério da paixão

que não precisa licença,

nem no amahã ela pensa

só rege com o coração.

-Qual carta você representa?

Que não seja a Torre

pois a Torre pode quebrar,

prefira ser a estrela

e na noite sem Lua

venha clariar!

Quem sabe uma Temperança

quando prover esperança.

Nunca vacile

se escolher brilhar com o Sol.

Nem julgue no Julgamento,

venha abraçar esse Mundo

porque chegou teu momento.

Qual a carta que desejas descartar?

sempresol
Enviado por sempresol em 02/05/2007
Reeditado em 21/04/2008
Código do texto: T471772