Deitando cartas
Traçadas e cortadas se calam
até serem destacadas e abertas.
Nesse ritual por mãos alertas
e linguas afiadas, se entregam.
Deitadas no veu elas bailam
parecem conspirar sem metas,
mistura de imagens incertas
mas basta um olhar elas falam.
Uma dama de ouro
se esguicha à procurar.
- 'Qual rei vem me visitar'?
Se me querem eu aviso:
Não seja um Pagem Narciso
pois quem beber dessa taça
verá que amar é preciso.
O Eremita declara:
-Tento ver minhas sombras
e revolver os meus medos,
o mundo de fora me aflora
entre sonhos e pesadelos...
Oh Louco, como prosseguir?
-É so não temer o abismo
quem acha tolice arriscar
tem muito menos juízo!
Eis o mistério da paixão
que não precisa licença,
nem no amahã ela pensa
só rege com o coração.
-Qual carta você representa?
Que não seja a Torre
pois a Torre pode quebrar,
prefira ser a estrela
e na noite sem Lua
venha clariar!
Quem sabe uma Temperança
quando prover esperança.
Nunca vacile
se escolher brilhar com o Sol.
Nem julgue no Julgamento,
venha abraçar esse Mundo
porque chegou teu momento.
Qual a carta que desejas descartar?