No teu colo encontrei aconchego
No teu colo senti-me ainda vivo.
Minhas lágrimas gotejaram
Misturaram-se com o mar...
Meus pensamentos marulharam
Ondejante sem cessar...
E, no abraço talhado em pedra
Aqueceste-me sem nada cobrar.
Minh'alma encarcerada ganhou asas...
E, meu coração cansado de tanto sofrer
Se abriu em um leve arco-íris; cingindo
Asa delta dourada - espraiando cores...
Ao encontra-te neste abraço generoso.
No colo de pai, de amigo, e poeta...
Desaguei...um oceano... de tristezas...
Ao repousar o corpo envergonhado:
Surrado, Massacrado, e Mal-dito.
Revi tuas palavras impressas em mim
Palavras qu'inda houvera esperança
Feito um doce colibri a riscar os céus,
Dos meus dias... Sem pujança...
Restos de mim, tão frágeis assim.
Estar aqui... Diante de ti,
Meu divino... Poeta...
Velho Amigo de Outrora;
Das Páginas rabiscadas,
Páginas tatuadas na memória;
Beijar o teu universo como antes,
Na noites insones de solidão...
Onde só havia o poeta, as estrelas, e eu,
Em um "nós" extremado de cores vivas...
Toma-me em teus braços de luz e festa
Retira-me desta sucata ambulante,
Qu'me tornei, quando envelheci;
Não do corpo, mas quando perdi,
Os sonhos e a inocência, sem senti.
Abraça-me e permita-me
Ser um homem - de novo...
Remeta-me talvez em pedra bruta,
Sem sangue, veias, e coração,
Quem sabe assim, suportarei o peso cruel,
Da pseudo- humanidade,
Que me oprime e finge, não me vê....
Dest'arte, um dia...voltarei a sorrir...
Sonoras gargalhadas - bem perto de ti,
Como nas entrelinhas das tuas palavras;
Pois, ora mortificado e sombrio,
Tenho vergonha: de estar, ser, e continuar - assim,
Perdido e invisível nesta " selva de pedra"
Selva dos esfaimados...Selva dos esquecidos!....