O Galo e o Lírio


O galo amola seu esporão
No esmeril da aurora
Que vem com suas fagulhas
Multicoloridas
Espalhando faíscas pontiagudas
 
O galo desafia o sol
Com seu canto agudo
Orvalhado pela madrugada
Vai riscando o escuro
E vai pintando o amanhecer
Com seu bico e esporões
Afiados
 
Encara o olhar do espantalho
Que toma conta dos campos
De girassóis
Que vão acordando sonolentos
Tirando as estrelas
E o luar dos seus corpos
Sorumbáticos
E entra pelos cantos dos pássaros
Atravessando a cidade
Seus dois rios
E suas inúmeras pontes
De metais
 
O poeta fala deste canto
Que acordava seus versos
E levava seu velocípede
Para passear nas estrelas
 
Além de denuncias as falácias
E as traições suicidas
Tramados na madrugada
E riscar as janelas
Com esta aurora cheia
De cores
E um azul de gumes
Afiados
 
Vai acendendo o sol
As usinas
O verde dos doces canaviais
Enchendo os açucareiros
De açúcar branco
E cravando o lírio na lapela
Do fato de linho engomado...
 
                 

                       Luiz Alfredo - poeta

 
 
luiefmm
Enviado por luiefmm em 02/02/2014
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