PENSAR
Não escrevo para matar o tempo
Esse me mata sem escrever,
Se letras me prendem em momentos
Esses espaços não foram feitos para ver.
Nada mais belo do que achamos ser certo!
Puro como letras que me refletem nessa hora
Por quê de tantos minutos escolhi a demora?
Em nenhum dos segundos tu estavas tão perto.
Não é por sua ausência que escrevo
Mas pela minha que evapora num instante
E busco infinitamente sentir tudo como antes
Se desse espaço encontro a ar em qual padeço.
Não é por ser fraco que corro com o lápis e me ausento
Nem para fingir uma inspiração que não é muito
Não levo em contas as horas nem os minutos.
Desta inspiração que quer ser meus pensamentos.
Não escrevo para aplacar a vida
Ela me evita sem escrever.
Contemplo uma tarde entristecida
E ela me contempla sem ver.
Não penso para criar poesia
Ela cria-se e nem ao menos espera.
Se fosse para criar alegria,
Desta poesia seria eu mesmo ela.
Silvestre Cantalice Filho
artenix.com
Publicado no Livro
Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos Ed. 51 de 2008
ISBN: 978-85-60489-27-5
Editora: CBJE