MORTO PELO TEMPO E PELA SENCIENTE RAZÃO AMADURECIDA

Que estranha
cena
de eu de mim
nesse nublo
do dia,

em que chora
uma fina
e insistente
chuva
fria!

Como são belas
essas nuvens

escuras,
pálidas,
fugidias,

a esconderem,
por entre
suas sombras,

os sóis que,
outrora,
alumiei com
virgem ousadia!

Por que a rua
onde piso
está assim
tão diferente,

com suas flores
e seus mistérios

mais vivos,
mais sedutores,
mais sublimes?

Que intenso
orgasmo
é esse
que estou tendo
com o vento
a bailar,

sinuoso e íntimo,

em minha pele
cansada,
em minha mente
bastardia;

e a me tratar
como o finado
menino que,
tão longiquamente,

lhe montava
o dorso esplêndido
com grande
maestria?

Por que essa vida
tão vida
veio me encher
assim,
tão de repente,

fazendo-me
encantar
desse mágico
vazio
ao fim do dia;

senão para
me lembrar
da angústia
e da dor
daquela cândida
alma havida,

em minha infância
tão longe
perdida?

Péricles Alves de Oliveira

 
A imagem retrata uma magnífica tela pintada por Cândido Portinari
Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)
Enviado por Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent) em 21/12/2013
Reeditado em 22/12/2013
Código do texto: T4620703
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.