nada mais
*
vinho e nada mais
nem boca nem língua
nem voz nem garganta
vinho e nada mais
saí correndo
gritando no meio do mundo
minha dor doía
estourando meu peito
zunindo em minha cabeça
vinho e nada mais
nem toques nem sexo
nem gozo nem esperma
vinho e nada mais
com todo o grito
lágrimas e soluços
com o peito aberto
no meio do mundo
ninguém me viu
vinho e nada mais
nem compaixão nem clemência
nem passado nem condenação
vinho e nada mais
só então percebi
todos berrando
com o peito aberto
sangrando rios
loucos no meio do mundo
vinho e nada mais
nem individualidade nem cor
nem assassinato nem suicídio
vinho e nada mais
*