nada mais

*

vinho e nada mais

nem boca nem língua

nem voz nem garganta

vinho e nada mais

saí correndo

gritando no meio do mundo

minha dor doía

estourando meu peito

zunindo em minha cabeça

vinho e nada mais

nem toques nem sexo

nem gozo nem esperma

vinho e nada mais

com todo o grito

lágrimas e soluços

com o peito aberto

no meio do mundo

ninguém me viu

vinho e nada mais

nem compaixão nem clemência

nem passado nem condenação

vinho e nada mais

só então percebi

todos berrando

com o peito aberto

sangrando rios

loucos no meio do mundo

vinho e nada mais

nem individualidade nem cor

nem assassinato nem suicídio

vinho e nada mais

*

geovanne otavio ursulino
Enviado por geovanne otavio ursulino em 01/12/2013
Código do texto: T4594365
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