Minha página, a tempestade
Toda história se passa aqui
Dentro de meus olhos, sorrisos, braços
Minha nudez denuncia meu mundo interior
Meu silêncio acorda sombrias lembranças
As mãos trazem o que tento esconder de mim
Tantas vezes adormecidas lembranças pela ausência
Outras vezes repletas de oferendas que ninguém quis
Sem tatuagens, com mil cicatrizes, inteiras, partidas
Tantas idas e vindas, tantos barcos sem cais, sem trilha
Uma caminhada no absurdo tempo que ainda vou viver
Alguém desenhou meu navio, convés, proa, ponte
Num horizonte confuso e sutilmente simples demais
Justamente para encobrir o remo, rumo, traço
Dentro dos pés possibilidades sem fim, sem começo, sem mapa
Na ilha uma espera constante por tardes tempestivas, vulcões
O horizonte me define na eterna hora que não chega nunca.