A Fada Azul (absinto)
É primavera em meu corpo
Deserto em minha alma
Algo maior que isso
Por mais irrelevante
Que possa parecer
Uma musica
Uma abelha
Uma centelha
Cuidadosamente esquecida
Sobre açucareiro.
Seu ruído estala em meus ouvidos
Desata o ser de meus conflitos
Liberta o chão sobre os meus pés
Varre-me as vísceras a pinceis
E então eu pulo
Salto de dentro como um grilo
Danço sobre o açucareiro
A dança dos meninos atrevidos
Cujas mãos são escultoras de céus
E os pais são cristais extintos.
E então eu voei
Meu Deus como é bom voar
Ver o mundo longe do mundo
Ver os homens cegos
Com seus computadores de bordo
Totalmente perdidos
Ver a luz acima das nuvens
Alargando o universo
Ver a tinta obesa e opaca
Escorrer por entre os edifícios
Enfumaçando a cidade e as janelas.
E então eu voei
Meu Deus como bom voar
Sentir a vida
Sentir-se vivo
Sentir o vento
Tocar meu rosto
E preencher os meus ouvidos
Sentir a brisa
Umedecendo a minha pele
Lavando a minha carne
Renovando os meus sentidos
Sentir essa amplidão
Que mais me aconchega que desampara.