HIER
tinha cheiro o negrume da noite
colhido por cílios que sorriram
despertando o corpo acasulado
em cetins
com a leveza dos cisnes se desfez
dos panos e num erguer sonâmbulo
fugiu do ninho dos sonhos;
foi desbravar a escuridão
d’outros mantos
tateando minúcias
bordadas em véus de
campeias
soltas
de danças
de ninféias
queria fogo desabrochando
‘mar’ adormecido
queria vento; movimento
de velas galopando ondas
queria o arrastar das folhas,
aplaudindo matas encurvadas
em oferendas pagãs
queria flamas serpenteando
as bordas dos (teus) olhos
incentivando labaredas
a percursionar o corpo
inteiro
queria tuas chamas
pra acender o pavio
da poesia.
Mary*