Um ‘cadinho de Prosa
Um ‘cadinho de Prosa
Aquém este eterno vazio poderia pertencer?
Escondido do que em mim ainda há de prevalecer.
Sim, estou a ponto da discórdia e da raiva angustiante,
Mas há pressa, para um caminho de palavras redundantes.
Eu vou remoendo o tempo para matar a fome,
Mastigando lembranças de quem nem mais tem um nome.
Promessas esquecidas que nem lembro mais,
Ontem era passado e tanto tempo já se faz.
Proibido de mim mesmo a conversar com o nada,
Quantas vozes se ouvem na sabia madrugada.
E todos que jazem em sono aquecidos de cansaço,
Ainda fixado na luz do medo coibido de meus traços.
Sou eu e mais ninguém conta essa história!
Ar tão precioso que aviva a minha memória.
Rebelde e impetuoso por correr na solidão,
Retrato em meu rosto o peso de quem foge da escuridão.
E todos esses infernos que ultrapasso com saltos mortais,
São ações que o futuro não me ensinaria jamais.
Quem estaria louco por confiar em qualquer futuro,
São apenas becos sinistros que param diante de um muro.
Ora, incertezas malditas que figuram o meu coração!
Deixem-me descansar deste mormaço que é a ilusão!
E ontem que é tão hoje acaba tão amanhã se observar...
Engatinhava e por isso hoje caminho para logo rastejar.
Deixe-me sano velhice, me deixe salvo e são!
Deixe-me livre até que eu saiba que nada foi em vão
Victor Cartier