Vicissitudes Egrégias Abstratas
Num jogo de palavras rebuscadas,
Monto o meu cenário no papel,
Criando com caneta "bic" estourada,
Borro de azul o pôr-do-sol do meu céu.
Pra consertar, tinta guache branca,
Depois jogo óleo sobre a tela,
Isso antes era arte,
Agora chamam de novela.
Um cheiro podre exala desse canal,
Que liga o mundo ao esgoto,
Quem dera se fosse viral,
Como as fábulas de Esopo.
Não existe denominação tudo isso,
Por isso chamam de abstrato,
Não existe, não se entende, é omisso,
O que existe é, e ser é apenas fato.
Galileu nem era da Galileia,
Assim como Tarsila não era do Amaral,
Tudo isso é duro como o Leão da Neméia,
E mais salgado que caipirinha com sal.
Se o abstrato não se define,
A quem lhe cabe interpretar,
Será tu que não me entendes,
Ou eu que não sei falar?