Precipício Da Liberdade
no precipício me lancei
sem medo, sem dor,
cantando e dançando...
nem sinto que estou caindo
sinto que estou voando.
abri os braços
enchi o peito dum suspiro
mergulhei de ponta
no vazio de não ter nada
não tinha asas que me salvasse
apenas a liberdade.
não era anjo,
muito menos pássaro
e dos braços, abracei todo este nada...
Em transe, imóvel, dentro da memória
meu ser remexia lembranças, transformava-se,
expurgava emoções, se libertava.
caindo, e dançando
meu corpo numa dança desenfreada.
arranquei do peito com as próprias mãos
Este meu angustiado coração
onde não mais sobrepujem as emoções.
só sei que era a felicidade desesperada
de não ter sobre minha cabeça um teto
- somente o céu de estrelas-
nem sobre meus pés um chão
nem ao lado paredes
qu'eu pudesse por elas desesperadamente
escalar, arranhar com as mãos.
não há nenhuma possibilidade de voltar
pois o precipício é profundo
Como a minha dor e angústias.
e não é à vida que eu quero viver
é a morte de poder renascer.
E só agora vejo as correntes aniquiladas
as cordas estão todas desamarradas
O revólver está descarregado
Só me restou este precipício condenado
Que me deu a chave para a liberdade.
***