Ondas
A palavra vem em ondas suaves.
Pelos sons do fonema,
Pela caligrafia da letra,
Pelas mãos que artesanalmente
dão-lhe significados e fugidias
semânticas.
A palavra vem oscilando
Titubeando nas falas vulgares
Gritando em desesperados
De toda estação
As bocas e almas nutrem-se
De palavras e da poesia
inexoráveis do cotidiano
A palavra se apossa do signo
Que subjugado
Clama, roga, implora.
por atenção,
afeto.
Mas seu olhar
simplesmente foge
Pula no abismo vizinho do horizonte
E chora.
Copiosamente chora.
Essa lágrima.
Essa dor.
Tem todo o sal
do mundo
E o sabor cruel
de envelhecer.
Apesar de ser a
antítese da morte.