O LOBO QUE NÃO É BOBO
O LOBO QUE NÃO É BOBO
O lobo, que não é bobo nem nada
Vai passear na floresta;
Olhar a ovelhinha fazendo festa.
Ela cresceu, está suculenta.
Mas o lobo que não é bobo,
Se segura, se aguenta;
Ela usa uma pelezinha minúscula
Passou pela tosa e já goza
Na cara dos que não mencionamos.
Ela entra e sai do cio, incólume.
Dança a dancinha do bumbum,
Do remelexo, do ziriguidum,
Chã, chão, chão e lambadão;
Da língua do lobo desce uma cascata,
A fome é quase fome de homem.
Fome que dói e que mata.
A barriga ronca e o corpo esquenta;
Vertigem, medo e vontade.
Dos olhos sanguinolentos do lobo
Saltam uma chama invisível.
Dizem que o lobo é terrível...
A ovelhinha fuma narguilé e toma coca;
Mas dizem que é só da que cola.
Rebola, bola; dizem que dá e dá,
Dizem que ela dá na bola
Mas, na bola é que o lobo não dá.
Ela toma sol e sukita; Agita.
A tenra carne temperada assanha
A sanha e a tamanha manha lobal.
O lobo cede ao seu instinto...
Com a boca amarga de absinto,
E dizem que o lobo é mau.