Na sombra do absurdo
Quando perco o juízo é porque já o tive um dia
Se é fantasia ou realidade o problema é sempre meu
Eu crio as situações, embaraços, permissões
Não quero nada disso estampado aqui
Não quero o tempo bom ou ruim, longo ou curto
Só quero o tempo que me cabe assim, inteiro
Não me devolvam a pele que troquei, a roupa que já tirei
Na coxia ainda me espera o texto que nem decorei
Vou ser um palhaço, um arlequim ou só uma voz rouca e fraca
Nunca pretendi ser uma estrela, porque as estrelas morrem e eu não
Tudo o que faço aqui tem um propósito cruel e estranhamente frágil
Um fim real e ainda a ser escrito por algum lunático
E até que ele apareça sigo inventando minha estrada
Construindo minha ponde com nuvens de poeira
Atiçando, dançando, incendiando as bandeiras
Cumpro o destino sutil e ditador, caro e pobre
No entanto, loucos a beira do caminho me seguem
Por toda parte encontro mendigos de amor, de migalhas
Como eu...
Loucos por mentiras, atraídos por mistérios
Como eu...