Astronauta a deriva do coração
Estou preso a esse lugar que chamam de Terra
É nele em que estou vivendo minha última quimera
Em tempos de outrora vivia minha aurora pensando em melhorar
Já fui vagabundo rico, hoje moribundo fico,
Só de pensar em minhas misérias
Loucuras tão venéreas
Que contaminam a pureza de um olhar
Falam que de mim o olhar foge,
O vazio em meus olhos a deparar,
A loucura persegue meus rastros
Para mim é estranho ser estranho no ninho
É fácil ser estrangeiro em terras pioneiras
Mas, parem de falar comigo,
Não discutam, quero falar e ficar só
É, foi fácil demais me isolarem, do peito me exilarem
Por uma bala de festim serem atingidos,
Acho que as carapuças caíram
Acho que se olhar amiúde, vejo rotos os pés das laursas
Essas desengonçadas ursas,
Que de pobres arranjaram pelos nas mãos
Ai minhas mãos, porque nasceram assim,
Juntas fazem de mim, o pior da escória
E eu, jardineiro sem glória, colho joios de outrora
Cheguei a um dia me sentir completo,
Nas doenças e nas crenças,
Fui drogado, um louco, um ébrio repleto
Cair nesse mato sem vida, é cutucar a ferida,
Que uma mãe não pode sarar
Sentir a solidão é ficar no ócio,
Deixar brecha para o insólito poder entrar
Mente vazia cabeça do Diabo,
Se sou crente, no ópio me desfaço,
Se sou ateu peco por omitir
Quem dera eu poder viajar,
Deitar na grama verde e rolar,
Sem dever a Eros ou Tânatos
Imprimir tatuagens em humanos,
Quem dera eu amar
Não aproveito da relva o torpor,
Não admiro das árvores o bolor
Deito na grama,
Fico na lama
Olho pros céus e Deus não me chama
Fui amaldiçoado pelas piores,
Segundo o poeta isso é de praxe
Do humano podre, egoísta que não soube amar
Mas tenho a certeza que nessa imensidão,
Há casais ardendo de paixão
Quero sair para algum lugar,
Sair do lugar-comum pra viajar
Quiçá um dia apaixonar
Voar entre galáxias e talvez
Pois só aqueles que amam são capazes de ver estrelas
Gabriel Amorim 20/08/2013 http://devaneiospalavras.blogspot.com.br/