À Deriva
Tudo posso naquele que me fortalece...
Nas trincheiras do mal regrido
Olho pra trás nas pinceladas que no Livro da Vida jaz
Vai e avia minha vida, incontinenti
E eis, que de repente
Nem bonança, nem tempestade
Na porta do Hades a tristeza me invade, penso...
Que nem o tridente nem as asas me amparam
Abandonado à própria sorte, eis que meu barco deriva
Joga de lado, empina, apruma, progride, retrai
O remo bate na borda do barco
Nas espuma da vida, na beira do abismo
Abro mais um livro
Da vida nem levo o louve da hora vaga
De mais uma oração sussurrada nos lábios feridos pelo sal do mar
Queria estar no mesmo lugar do louva-deus
na folha verde das árvores
Esperando o vento que me derrubasse na tempestade
Mas que escolha fazer?
Na floresta verde na derrubada das matas
Ou no mar inóspito à espera da tromba-dágua?