À Deriva

Tudo posso naquele que me fortalece...

Nas trincheiras do mal regrido

Olho pra trás nas pinceladas que no Livro da Vida jaz

Vai e avia minha vida, incontinenti

E eis, que de repente

Nem bonança, nem tempestade

Na porta do Hades a tristeza me invade, penso...

Que nem o tridente nem as asas me amparam

Abandonado à própria sorte, eis que meu barco deriva

Joga de lado, empina, apruma, progride, retrai

O remo bate na borda do barco

Nas espuma da vida, na beira do abismo

Abro mais um livro

Da vida nem levo o louve da hora vaga

De mais uma oração sussurrada nos lábios feridos pelo sal do mar

Queria estar no mesmo lugar do louva-deus

na folha verde das árvores

Esperando o vento que me derrubasse na tempestade

Mas que escolha fazer?

Na floresta verde na derrubada das matas

Ou no mar inóspito à espera da tromba-dágua?

JANA CRAVO
Enviado por JANA CRAVO em 12/10/2013
Reeditado em 23/02/2014
Código do texto: T4522742
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