ARADO BICO DE PENA

Percorro o céu branco do papel sem pauta

Com um arado bico de pena

Sulcando em nanquim a lisa alvura

Que se nega a seguir imaculada e fria.

Rompo o silente cálice da virginal e fecunda silena,

Espalhando pétalas de sonhos

Em um perfume de brisa amena,

Que levado por rimados versos de candura,

Preenche pungente a paisagem vazia.

Desço rápido e pronto da celeste curva em alegria

Iluminando o negrume da noite

Com as luzes de original alegoria,

Condensando fonemas em relâmpagos de letras

Na vertiginosa ventania da poesia.

A enxurrada de cores que segue o arado bico de pena,

Colore a paisagem de oníricas cascatas

Formadas das águas de palavras-poema,

Que vertem todas em cadente e evocada harmonia

Para um mesmo vale de fértil aleivosia,

Traindo o isolamento do poeta,

Que na aridez do silêncio ficar não mais podia.

Marcelo das Chagas
Enviado por Marcelo das Chagas em 12/10/2013
Reeditado em 12/10/2013
Código do texto: T4521924
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