Mórbido
Olhei a frente.
Olhei o verso.
As sub-reptícias linhas,
expressões e sons.
Havia um infinito semântico
Diante da mudez óbvia dos presentes.
Em velório o preto é mais adequado.
As velas representam luzes medievais
E, o tempo era a tortura
dos passantes
Porque querem apenas
atravessar o caminho.
Na hora em que abriu o desvão na terra.
O que parecia abrigo
Era apenas uma cova.
Com números e letras em cima.
Somos numerados, etiquetados,
Tarjados até mesmo na morte.
Estatisticamente choramos.
Em milimétricas gotas salgadas.
E suamos por milimétricos poros.
Tudo é tão pequeno e fugaz.
Passa tudo num átimo.
Mas esse velório não termina.
Os comentários dos conhecidos
e parentes.
Teciam um burburinho confuso
de falas sem sentido.
Roteiros fragmentados de uma
vida que acabou.
Um suspiro infeliz de sono
e desconforto.
A chave para fechar a última morada.
Como se pudesse escapar de lá.
Fugir para a boêmia da Lapa ou
para os sedutores braços da amante.
Ou para o
amor barato do meretrício.
Sempre foi plural e singular.
Sempre foi solitário e social.
Sempre foi o outro
quando quiseram
que fosse apenas alguém.
Mas é difícil ser alguém
quando ninguém o percebia.
Marcou na folhinha
a tristeza combinada.
A hora exata e estipulada
de mil formas agendada
na memória.
Tinha que sofrer.
Ou ao menos demonstrar
algum sofrimento.
Mas estava rija e mumificada
diante da cena.
Meus pensamentos perambulavam
pelos cantos catando
detalhes inúteis.
E costurando-os
numa narrativa
plausível.
A catatonia do momento
Escorria pela minha razão
Sem lágrimas, sem sorrisos
E sem traumas.
Não sentia dor.
Não sentia a ausência
e nem a presença.
Sentia o mórbido
como o ritual
em torno do fim
banal de toda vida.
Sentir o mórbido
É bebericar a morte
sem veneno.
Olhei a frente.
Olhei o verso.
As sub-reptícias linhas,
expressões e sons.
Havia um infinito semântico
Diante da mudez óbvia dos presentes.
Em velório o preto é mais adequado.
As velas representam luzes medievais
E, o tempo era a tortura
dos passantes
Porque querem apenas
atravessar o caminho.
Na hora em que abriu o desvão na terra.
O que parecia abrigo
Era apenas uma cova.
Com números e letras em cima.
Somos numerados, etiquetados,
Tarjados até mesmo na morte.
Estatisticamente choramos.
Em milimétricas gotas salgadas.
E suamos por milimétricos poros.
Tudo é tão pequeno e fugaz.
Passa tudo num átimo.
Mas esse velório não termina.
Os comentários dos conhecidos
e parentes.
Teciam um burburinho confuso
de falas sem sentido.
Roteiros fragmentados de uma
vida que acabou.
Um suspiro infeliz de sono
e desconforto.
A chave para fechar a última morada.
Como se pudesse escapar de lá.
Fugir para a boêmia da Lapa ou
para os sedutores braços da amante.
Ou para o
amor barato do meretrício.
Sempre foi plural e singular.
Sempre foi solitário e social.
Sempre foi o outro
quando quiseram
que fosse apenas alguém.
Mas é difícil ser alguém
quando ninguém o percebia.
Marcou na folhinha
a tristeza combinada.
A hora exata e estipulada
de mil formas agendada
na memória.
Tinha que sofrer.
Ou ao menos demonstrar
algum sofrimento.
Mas estava rija e mumificada
diante da cena.
Meus pensamentos perambulavam
pelos cantos catando
detalhes inúteis.
E costurando-os
numa narrativa
plausível.
A catatonia do momento
Escorria pela minha razão
Sem lágrimas, sem sorrisos
E sem traumas.
Não sentia dor.
Não sentia a ausência
e nem a presença.
Sentia o mórbido
como o ritual
em torno do fim
banal de toda vida.
Sentir o mórbido
É bebericar a morte
sem veneno.