Despertar sem despertador
Ah esse maldito relógio
Que insiste em me ditar as horas
Hora de acordar
Hora de trabalhar
Hora de almoçar
Hora de chegar e partir
Hora de dormir
Ora... ora... ora...
São tantos verbos a cumprir
Que me esqueço do meu ser substantivado
Entro sempre nessa onda
Que bate na areia e volta pro mar
E nado
Nada a ver
Mergulho de terno
E trafego nas ruas com trajes de banho
Ah esse maldito relógio
Grades de três ferros móveis
Aprisiona-me não
Quero ganhar o céu
A estrada é longa e frutífera
Como o mar
Uma imensa rota imaginária
Ora... ora... ora...
E agora?
Sou preso no seu tic-tac
Mas ainda te arranco do meu pulso
Te expulso
Vou parar o seu tempo
Vou ser tempestade
Não vou contar minha idade
E despertar sem despertador