Despertar sem despertador

Ah esse maldito relógio

Que insiste em me ditar as horas

Hora de acordar

Hora de trabalhar

Hora de almoçar

Hora de chegar e partir

Hora de dormir

Ora... ora... ora...

São tantos verbos a cumprir

Que me esqueço do meu ser substantivado

Entro sempre nessa onda

Que bate na areia e volta pro mar

E nado

Nada a ver

Mergulho de terno

E trafego nas ruas com trajes de banho

Ah esse maldito relógio

Grades de três ferros móveis

Aprisiona-me não

Quero ganhar o céu

A estrada é longa e frutífera

Como o mar

Uma imensa rota imaginária

Ora... ora... ora...

E agora?

Sou preso no seu tic-tac

Mas ainda te arranco do meu pulso

Te expulso

Vou parar o seu tempo

Vou ser tempestade

Não vou contar minha idade

E despertar sem despertador

Vavá Borges
Enviado por Vavá Borges em 10/10/2013
Reeditado em 10/10/2013
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