O trem da vida
No comando da locomotiva
o maquinista
e nos seus vagões
vão turistas, aventureiros
artistas, saudosistas
e saudosos.
Vão idosos
jovens, crianças
vão esperanças e desilusões.
Vão pendões, perdões
e ouço de longe o apito do trem.
O homem de boné
que pode ser anjo ou diabo
a depender da intensidade
e verdade dos seus sonhos.
São muitos vagões
e várias estações
e casinhas vão passando
filmes também vão passando
e o passado ficou para trás
mas
o futuro não está garantido
está para ser conseguido
e de certo só as incertezas
do alimento ainda não
sobre a mesa.
E no último assento
do último vagão um cidadão
aparentemente sem nenhuma pretensão
que não desceu nem por um instante
em nenhuma estação
me chamou a atenção
até que
morrendo de curiosidade
a ele me dirigi e o inquiri:
- Amigo, para onde você vai?
A todos os lugares -respondeu-me
e a lugar nenhum.
Eu coloquei estas pessoas neste trem
e coloquei você também para conduzí-los.
Sou a inspiração para os seus sonhos
sou eu quem impulsiona seus planos.
Eu sou as estações
e as suas frustrações
são facilmente resolvíveis
por questões simples.
Não tenho tempo, sou o próprio tempo.
Me dê apenas um momento que
que em troca eu lhe dou a eternidade.
Sou o que vocês chamam de DEUS.
Até os ateus.
...e na escuridão do túnel
o homem estranho sumiu
mas o trem seguiu
porque o trem tem que seguir.