poema da contradição
Por dentro é fora de tudo que chora
por fora é dentro de nada que aflora
e eu com dedos longos de procura
me bato e os olhos travam na luz
qual moscas zumbizentas
eu travo e cruzo as pernas
engulo o ar da sorte negada
quero odiar a tudo
ferver as hastes da flor
e a força que não desce
agora não serve mais
porque o tempo de
ser já é morto
o tempo de ser já é torto
e mofa em velhas cômodas
eu quero apenas cobrir os
espaços com minha perplexa
fraqueza de pernas cambaleantes
não irei longe
apenas me arrasto para
o próximo segundo
Coração, resistes em sangue inútil
pedra bate nas janelas silenciosas
não há respostas nem pedidos
nem mortos nem vivos
não há os bondes estrepitosos
agora somente os pés me levam
malditas trevas do Nada!