Onze Meias-Noites - Nona Meia-Noite
Nona Meia-Noite
26 de abril de 2006
00:01
Metade das lágrimas mutantes caídas
Pelos solos destruidores
Do meu atordoado monumento
Que chamo ainda de Eu
É a lama que inunda
A poça de chamas destruídas
No cântaro do final meu.
Tenho glórias destrutivas
Dando-me perdidas saídas
Quando adentro pelo desgraçado
Portão do meu desgraçado
Salão de muita lágrima
Caindo pelo mais desgraçado
Ralo de toda fama azarada.
Maria Mulambo aqui
Em torno do meu lugar
De descanso sem luz
É a dama poetisa
Que pisa sob a minha lama
Junto com a inundante
Maria Das Facas Pontudas.
Meia-Noite,
Nona Meia-Noite,
Nasço em uma Meia-Noite!
Que fazeis vós em minha
Morada entristecida
De músicas tocando em luto
Pelo meu luto de estar
Morto vivo,
Pombagiras de todo giro
Pelos luares de agitos?
Que fazeis vós aqui
Ao lado deste poeta
Que amamenta-se choroso
No seio glamuroso
De nossa mãe Meia-Noite,
Pombagiras que poetizam
A cada gargalhada de giros?
Sinto danças...
Dançando sinto...
Sinos e danças...
Hinos e danças...
Byron,
Grande amigo poeta Byron,
Tu cantas para a dança,
A Dança Das Pombagiras,
Nesta Meia-Noite
De bêbadas cortes recebendo
Bêbadas damas ciganas
Dos umbrais vários
De todos os Vales!
Gargalhadas!
Gargalhadas e danças!
Gargalhadas dançam!
Maria Mulambo
Com
Seu
Vestido
De
Rainha
De
Almas
Dançarinas
Pelos
Vales Das Pombagiras
Vai
Chamando
Chamando
Chamando
As
Minhas
Amigas
Pombagiras!
Maria Das Facas Pontudas
Afiando
As
Suas
Facas
Dançantes
Nas
Fornalhas
Dos
Meus
Pensados
Desejos
Vai
Agitando
Aqui
Em
Minha
Morada
De
Danças
Todas
As
Minhas
Amigas
Pombagiras!
Todas elas Marias!
Todas Marias!
Marias mães
Da Dança Da Meia-Noite
Tentando Ter Filhos
Com Nenhum Dia!
Marias mães maiores
Da Dança Da Meia-Noite
Tragando Os Filhos
Com Todo Dia!
Marias
Dançantes
Comigo
Sinuoso
Pelas
Saias
Que
Rodam
Em
Torno
Do
Meu
Parado
Corpo
Dançando
Em
Poço
Morto!
Marias
Dançantes!
Marias
Dançando!
Maria
Padilha
Das
Santas
Almas
Benditas!
Maria!
Maria
Amélia
Dos
Cemitérios!
Maria!
Maria
Célia
Das
Sete
Encruzilhadas!
Maria!
Maria
Rita
Das
Sete
Catacumbas!
Maria!
Maria
Regina
Dos
Sete
Poços!
Maria!
Maria
Lúcia
Da
Morada
Sombria!
Maria!
Maria
Das
Trevas!
Maria!
Maria
Do
Coração
Sangrento!
Maria!
Maria
Do
Inferno!
Maria!
Maria
Dos
Ossos
Caminhantes!
Maria!
Maria
Do
Diabo!
Maria!
Maria
De
Lúcifer!
Maria!
Maria
De
Satanás!
Maria!
Maria
Marias
Amigas
Benditas
Amigas
Minhas
Gargalhando
Dançando!
Marias que encontraram
Seus pais
Na
Bebidas
Nas
Avenidas
Nos
Bordéis
Nos
Tiroteios
Nas
Brigas
Nos
Assassinatos
Nos
Roubos
Nas
Vinganças!
Marias minhas amigas
Que encantam
A Serpente
Conhecida
Como
A
Mãe
Doadora
De
Toda
Força
À
Espada
Erguida
Ante
Estrada
Que
Multiplica
Nos
Leitos
Suor
Beijos
Vertidos
Líquidos!
Marias que sapateiam
Ao sapatear
De Maria Padilha
Das Santas Almas Benditas
Que
Sapateia
Como
Veiculo
Condutor
De
Bênçãos
A
Todo
Filho
Da
Meia-Noite
Dançando
Como
Seus
Parceiros!
Marias dançam!
Marias sapateando!
Eis as Pombagiras
As Pombagiras
As Deusas
As Deusas
Filhas De Exu
Este que dança
Ao lado aqui
Delas Marias!
Bem vindo Exu
A esta morada
De
Poeta
Que
É
Mais
Amado
Pelas
Poetisas
De
Todos
Os
Vales
Do
Que
Pelas
Não-poetisas
Dançantes
Na
Carne
Movendo
Imóveis
Espíritos
Que
São
Espíritos
Delas
Neste
Vale!
Vós,
Pombagiras,
Fazem-me amá-las
Com um todo de prazer,
Com um todo de lazer,
Com um todo de fazer
Com que eu deixe
De fazer-me homem
Que chora lágrimas
Dizendo que o ontem
Foi mais do que o amanhã
Que no hoje nasce
Antes do dançar
Da Mãe Madrugada
Já próxima trazendo
Osbolos que às Marias
Que a Exu
Vai
Levar!
Exu impede Osbolos!
Exu obrigado!
Exu obrigado por expulsar Osbolos!
Exu obrigado
Pela dança comigo aqui
Fazendo as nossas amigas
Pombagiras Marias
Felizes por estarem
Sendo nesta Meia-Noite
Nossa Mãe Meia-Noite
Por mim guiadas
Em uma dança ao som
Do cantar de Byron
Naquela taberna
Do Vale Dos Poetas Perdidos
Que conhecemos por ser
O abrigo de toda
Lágrima poetizada!
Adiante-se
Mãe Madrugada!
Diante de Exu
Diante das Pombagiras
Admita que o seu Osbolos
Agora chora porque
A Mãe Meia-Noite
Está mais forte tornando
As odes à Ela oferecidas
Por este poeta cheirando
A hera venenosa material
Odes imortais de encontros
Com aqueles que não obedecem
Aos chamados de teus Vales
Que os afastam da Dança
Dança que nada amortece
Nos passos de seu dançar!
Diante de Exu
Osbolos é vencido!
Diante das Pombagiras
Osbolos é vencido!
Vencido...
Vencido!
Vencido?
Vencido.
Verto sob minhas lágrimas
N’alma duras como rochas
Que meus pedreiros
Não quebram
As agitações alvas
Do meu leve sorriso
Por estar com
Meu amigo Exu
Minhas amigas Pombagiras!
Amigo Exu!
Amigas Pombagiras!
Que eu chore sorrindo!
Que eu sorria chorando!
Que eu não mais
Tenha que deixar de encontrá-los
Para dançar
Ao fim das Meias-Noites
Ao fim das Madrugadas!
Exu!
Pombagiras!
Dança
Dança
Dança!
Muita dança!
Dança múltipla!
Múltipla!
Dançar
Pela
Meia-Noite!
Dançar
Pelas
Meias-Noites!
Diminuir os solos destruidores.
Diminuir solo finalizante.
Diminuir final ao solo
Quando o dia
E quando o Meio-Dia
Jazem como trevas
Disfarçadas de luzes!
01:24 h