Simples objetos de estudo
-Nascemos.
E automaticamente
já somos estatísticas.
De que forma foi.
A que horas. Sexo. Peso.
Normal ou não.
Também as estatísticas
das mães que resistiram
ao parto.
-Crescemos.
E continuam as estatísticas.
Quantos sobreviveram.
Quantos venceram.
Quantos já estão encaminhados.
Entre empregados e desempregados
qual é o percentual.
-Vivemos.
E ainda nos vemos envolvidos com ela.
Somos a medição de consumo.
O vetor para cima ou para baixo.
Banana no cacho. Quantas fêmeas. Quantos machos.
Consumistas. Equilibristas. Egoístas.
Manobristas e manobrados.
Bem intencionados e iludidos.
Iluminados ou sem nenhuma luz.
-Envelhecemos.
E aumentamos ou não
a expectativa de vida.
A terceira idade.
Diferente da puberdade.
Dores para todo lado.
Posto de saúde fechado.
Médicos em greve.
Como é que vive o povo brasileiro.
O orfanato. O hospício. O asilo.
-Morreremos.
E ainda assim não estaremos livres dela.
Causa. Idade. Tem parentes.
Indigente ou não.
Jardim da Saudade. Campo Santo.
Jazigo. Cova rasa.
Morreu em casa ou no hospital.
-Retornaremos?
A partir daí creio que as estatísticas saiam
para dar lugar às suposições
e questões ainda não respondidas.
Mas talvez numa outra estação.
Mas talvez num outro canal.