TRINCHEIRAS DO MEDO

O silêncio cala, o grito sufoca no peito

A mente ressentida explode

A dor rasga, lancinante, a alma chora

A lança fere, o unguento cura e sana

Ferve em minha alma a febre

Imunda, moribunda, ressequida

Na esquina que curva, vem o novo, o inesperado

Surgem em minha mente, visões do ontem

De repente a vida ensina, instrui, constrói

Corrói-me a vontade de ser livre

De caminhar a passos largos e esparsos

Num compasso infinito, num rítmo abstrato, absorto

Contraponho-me a contragosto do que espero

Luto num combate intelectual e insano

Travo uma batalha imoral contra as trincheiras do medo

Ergo uma bandeira de desbravamento

Finco na pedra um punhal, firo a rocha que não sangra

Sento-me à mesa do rei Artur, exausto

Dispo-me da armadura desgastada pelas guerras

As planícies empoeiradas ficam para trás

Cavalgo, célere, nas asas da ansiedade

De chegar a algum lugar,

De refugiar-me à sombra do anonimato...

De ser apenas, “eu”

A febre agora se esvai, inunda o chão com o suor

E faz surgir da terra um lampejo de esperança

11.08.2013

Beto Alves
Enviado por Beto Alves em 22/09/2013
Reeditado em 18/05/2016
Código do texto: T4492804
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