TRINCHEIRAS DO MEDO
O silêncio cala, o grito sufoca no peito
A mente ressentida explode
A dor rasga, lancinante, a alma chora
A lança fere, o unguento cura e sana
Ferve em minha alma a febre
Imunda, moribunda, ressequida
Na esquina que curva, vem o novo, o inesperado
Surgem em minha mente, visões do ontem
De repente a vida ensina, instrui, constrói
Corrói-me a vontade de ser livre
De caminhar a passos largos e esparsos
Num compasso infinito, num rítmo abstrato, absorto
Contraponho-me a contragosto do que espero
Luto num combate intelectual e insano
Travo uma batalha imoral contra as trincheiras do medo
Ergo uma bandeira de desbravamento
Finco na pedra um punhal, firo a rocha que não sangra
Sento-me à mesa do rei Artur, exausto
Dispo-me da armadura desgastada pelas guerras
As planícies empoeiradas ficam para trás
Cavalgo, célere, nas asas da ansiedade
De chegar a algum lugar,
De refugiar-me à sombra do anonimato...
De ser apenas, “eu”
A febre agora se esvai, inunda o chão com o suor
E faz surgir da terra um lampejo de esperança
11.08.2013