Imensidão
Estendo o corpo em tons de madrugada
e com dedos de areia toco as manhãs
abraço a inquietude branca e rósea
dos silêncios do meio-dia
mergulho no azular perpétuo das distâncias
fixo os olhos no céu irrecuperável do poema
ardendo minha íris de um brilho marítimo
e de súbito meus olhos são dois girassóis
enfrento o entardecer de pés descalços
sobre o denso amarelar das planícies
ensaio um voo rasante à costa
absorvendo a liquidez das rochas
como se do meu ventre
se desenhassem praias e pôr do sol
um entardecer de vozes sussurrantes
uma magnólia pousada nos cabelos - quem sabe?
ao teu lado, e sempre (sempre...)
o meu corpo seja uma rosa-dos-ventos
olhando o sul nos quatro cantos
onde o mundo acorda e começa e viver...