Imensidão

Estendo o corpo em tons de madrugada

e com dedos de areia toco as manhãs

abraço a inquietude branca e rósea

dos silêncios do meio-dia

mergulho no azular perpétuo das distâncias

fixo os olhos no céu irrecuperável do poema

ardendo minha íris de um brilho marítimo

e de súbito meus olhos são dois girassóis

enfrento o entardecer de pés descalços

sobre o denso amarelar das planícies

ensaio um voo rasante à costa

absorvendo a liquidez das rochas

como se do meu ventre

se desenhassem praias e pôr do sol

um entardecer de vozes sussurrantes

uma magnólia pousada nos cabelos - quem sabe?

ao teu lado, e sempre (sempre...)

o meu corpo seja uma rosa-dos-ventos

olhando o sul nos quatro cantos

onde o mundo acorda e começa e viver...

Francis Faria
Enviado por Francis Faria em 13/04/2007
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