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Café


O café escorreu lentamente,
Desceu queimando
Pela garganta,
Fazendo sangrar a manhã
Em tons marrons.

O futuro se escondeu na borra forte,
E o sabor coloriu a alma anêmica.
 O perfume despertou a ilusão
De que talvez fosse mentira.

O dia seguiu, quase hipnótico,
O azul imenso e monocromático do céu
Agredia as vistas,
Sem o menor respeito pela minha dor.

E as aves cantavam, atrevidas,
Nas árvores próximas à janela...
Mais um gole de café
Que não trouxe de volta o que eu queria...

Não despertei daquele pesadelo,
E a tarde descansou, finalmente,
Sobre tuas mãos cruzadas...






 
Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 16/09/2013
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