CARNE E VERSO
Na reminiscência dos descaminhos, há coleções vazias
de ausências contritas e de mágoas convulsas,
outrora verborragiadas nas procelas ébrias
das noites e dias em que nos balouçamos na assimetria.
Mas, se nos desdouramos em intempéries bordadas,
da demência dos desalinhos renascemos
como fênix desgarradas de cinzas mortas
a voar êxodos de crepúsculos envilecidos.
Ainda estou nuvem a pairar no enlevo,
como a bruma da poesia silente,
morta na esqualidez da folha alva,
mas sempiternizada na infinitude de um amor
carne e verso.
No símbolo que imanta o céu das estações
com suas asas aspergidas de imensidades,
algo maior que o destino anuncia a eflusão
de um sentimento rupestre a luzir alvíssaras.
Um dia quiçá amainem-se as chuvas,
e o ardor subtil que nos há incendeie,
além dos corações e das mentes sencientes,
nosso insaciável anseio por um enlace imarcescível.
Péricles Alves de Oliveira