A ÚLTIMA QUIMERA

Tempestades silentes
amornam
o crepúsculo com rubros de
dor,
emudecendo o espírito da
águia.
Junto à lascívia do chão da
realidade,
a vida tardeia em meus versos
inacabados.
Meus espelhos não têm mais
reflexos.
Meus mares não têm mais
lágrimas.
Meus ventos não têm mais cursos
certos.
Minhas constelações não têm mais
estrelas.
Meus arrebóis não têm mais
flores.
Minhas caligens não têm mais
fluorescências.
Porque é exatamente
na angústia do que nunca
tive,
a não ser minhas utopias
brancas,
densas,
inarmônicas,
que guardarei teu olhar nunca
contemplado,
teu sorriso nunca
ecoado,
teus encantos nunca
desnudados,
teus segredos nunca
revelados,
tuas sinfonias nunca
ressoadas,
tuas fragrâncias nunca
aromadas,
e teus afagos nunca
consumados,
até que em uma noite perdida se
desvaneçam,
em sono profundo, meus sonhos
perenes.

Péricles Alves de Oliveira
Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)
Enviado por Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent) em 02/09/2013
Reeditado em 02/09/2013
Código do texto: T4463985
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