havia cantando em mim
“o uirapuru veio fazer serenata no meu jardim...”
...no desejo de embalar me o sono
que fugiu em veloz corcel
embranquecendo em colinas
enfeitado de noturnas
neblinas
e,
fico enlevada nestas flâmulas
de cortinas até cair em teias de alvoradas
sentindo pingos cristalizados de orvalhos
em minhas palmas esticadas
ansio acolher mavioso canto
que impregna (meus) ouvidos junto
às dobras de brisas envelopando
melodias balançadas em arrebóis
sigo arrebatada
alma transfigurada
até soar ocaso emplumado de cores
peneiradas de sol
quando,
entre lâminas crepusculare
pousa aquele pássaro nas tramas
dos (meus) cabelos
emaranhado de sedas e...
canta ainda mais um pouco
baixinho...
[melodiosa ave
seduzindo me no bico embebido
em tinto vinho
pareando tons de rendas
embriagando me em canção solo
farfalhando asas na alvura leitosa
das brumas vertidas do meu colo]