Pó e azia
Minha poesia, às vezes é sonsa.
Sem sal e insossa.
Hora assonante, outra aliterada;
Vezes branda outras, amiga da onça.
Não tem nexo nem sexo.
Ela cria, à luz da inspiração,
Poema côncavo ou convexo.
Reflexo de tudo ou nada.
Quase sempre, poesia calada. Falada,
Enuncia o que vê, o que não crê;
Um pouco de cada.
Tira da loucura a lucidez insana.
Seu sarro remove o barro
Que arranha o carro. Catarro.
Trova a manha da aranha caetana
E assanha a Espanha.
Messa essa sua tamanha sanha,
E verás que ela não se acanha.
Como uma manhã medonha,
Cega na saga da cegonha,
Não bronha, não sonha. Peçonha.
Iraria. Porém, a ira não vira;
Apenas cai e pira. Caipira...
Levanta sacode a poeira
E volta para a alça da mira. Atira.
Mas ninguém a tira
Dessa dança que cansa. Catira.
Cansada, se lança e balança
Nas rédeas da rede. Moinho. Criança.