Eu sou
Eu sou uma estrela cadente
Sou um anjo caído
Sou um amor ferido
Sou a pegada sem dono
O amanhecer sem aurora
Sou o tempo sem hora
Sou o que era, o que foi
O que não existe mais
Sou o que não deveria ser
O que se desfez
Eu sou a face sem expressão
Um corpo sem razão
Uma alma sem emoção
Sou alguém sem coração
Eu sou a palavra sem som
O silêncio mais turbulento
O amor arrependido
Eu sou todos os tempos
Sou a paz revoltada
E a revolta calada
Eu sou o seu passado
Um passado perdido no presente
E que antecipa o futuro
Sou um vazio maduro
E de que adianta a identidade
A quem a face nada representa;
A quem a palavra nunca expressa
A minha pressa de ser calma e a calma de quem tem pressa?