Evasivos e corrosivos

Quem sabe de mim sou eu.

Será?

Se soubesse mesmo

não erraria

não faria besteiras

para depois

me arrepender.

E quem sabe de ti

és tu?

Por que então

tanto erras

por que encerras

uma página antes

do fim?

Por que não completas

a leitura

já é um ensinamento

concluíres

o que começastes.

Por que traístes?

Por que andas tão triste

se sabes tanto de ti?

Ti, tu

tatu

por que se entocas?

Ninguém sabe de ninguém

e ninguém se conhece também

e nem tão bem

somos todos nenéns

ainda nessa vida.

Imprevisíveis

imperfeitos

intempestivos

pouco intuitivos

insensíveis

mas não insubstituíveis.

Não sabemos nada

de nada

e no orvalho da madrugada

só sabemos nos resfriar

para depois um doutor

que também não sabe nada

nos medicar.

Se soubéssemos

um pingo do universo

e se fôssemos capazes

de colocá-lo nesses versos

faríamos até chover

mas ainda assim

não saberíamos prever

quando, quanto e onde

pois se eu não sei de mim

não tenho como saber de você

e nem do que vai nos acontecer.

Nosso orgulho

vai apodrecer

e disso eu sei

só não sei se sei

o porquê

mas vai feder

como o gelo

ao sol

está propenso

a derreter.