Escassez
Olhou para o céu e nada...
Onde estão as estrelas? Disse.
O silêncio lhe abafou a voz.
Era o último som disponível
Usou todos os que tinha direito.
A via láctea apagada, sem sol;
Nem sombra do planeta ou da lua
Todo o infinito teve fim.
Olhou, e viu, e bradou: Ai de mim!
Sozinho, sem sonho ou esperança...
Alguém roubou a luz e a escuridão!
Quem apagou as cores?
Seria possível existir o nada?
Será que o nada não tem luz?
O que diriam as más línguas
Se soubessem que o espaço também
Sumiu do mapa?
Que não tem centro nem beirada.
Que nenhuma galáxia sobreviveu ao
Fim das coisas e das não coisas.
Até o tempo deu adeus à história.
Nada aconteceu por acaso.
Quem fritou o meu povo?
Quem comeu as crianças
Servidas em à la carte?
Que fim triste o da música...
Se pelo mesmo acaso
Que tudo existiu não existe nada
Mas pelo excesso de acaso, o caso é serio.
Ninguém viu Deus nem diabo,
Anjos ou assombrações?
Quem sabe eles sugaram o tudo
Para o rumo do nada
E até o buraco negro perdeu a cor?