Ansiedade
Fico esperando sentada.
Dentro de mim mesma.
Encostada nas memórias.
Barrancos que se desmancham.
E apagam minhas pegadas
Em rastros estratégicos.
A espera é angustiante
Não sei de seus olhos.
Por onde andam
E, se ainda me enxergam
Não sei de suas mãos
O que tateiam
ou se ainda reconhecem afeto
Não sei de seus pés
Se lhe guiam pelos caminhos
Enigmáticos do destino
Eu já não sei…
De tanta coisa.
O que há para descobrir.
Ou se a descoberta foi abortada pelo tempo.
Esbofeteada pelo vento
E sob os uivos do lobo solitário
Cortejava a lua
dependurada no horizonte.
Há tanta saudade.
Há tanta fotografia embutida
Na retina cansada de meu olhar.
Volto a lhe encontrar
A avidez secou.
Os lábios sussurram
o que antes simplesmente gritavam…
Fonetizam o insofismável óbvio.
Contenho a ansiedade do encontro
Mas guardo a certeza da despedida.
A imagem forte do fim.
Elo partido.
Estória interrompida.
Favo de mel vazio.
Relicário quebrado.
E, a tristeza exata dentro
da geometria da alma.
Riscada a giz no quadro negro
do esquecimento.
O encontro ao improvável.
Daquela pedra rosa que
se perdeu do anel.
E tudo se resume em
mera ansiedade.