Ansiedade

Fico esperando sentada.

Dentro de mim mesma.

Encostada nas memórias.

Barrancos que se desmancham.

E apagam minhas pegadas

Em rastros estratégicos.

A espera é angustiante

Não sei de seus olhos.

Por onde andam

E, se ainda me enxergam

Não sei de suas mãos

O que tateiam

ou se ainda reconhecem afeto

Não sei de seus pés

Se lhe guiam pelos caminhos

Enigmáticos do destino

Eu já não sei…

De tanta coisa.

O que há para descobrir.

Ou se a descoberta foi abortada pelo tempo.

Esbofeteada pelo vento

E sob os uivos do lobo solitário

Cortejava a lua

dependurada no horizonte.

Há tanta saudade.

Há tanta fotografia embutida

Na retina cansada de meu olhar.

Volto a lhe encontrar

A avidez secou.

Os lábios sussurram

o que antes simplesmente gritavam…

Fonetizam o insofismável óbvio.

Contenho a ansiedade do encontro

Mas guardo a certeza da despedida.

A imagem forte do fim.

Elo partido.

Estória interrompida.

Favo de mel vazio.

Relicário quebrado.

E, a tristeza exata dentro

da geometria da alma.

Riscada a giz no quadro negro

do esquecimento.

O encontro ao improvável.

Daquela pedra rosa que

se perdeu do anel.

E tudo se resume em

mera ansiedade.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 09/08/2013
Código do texto: T4426096
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