O ÚLTIMO SUSPIRO DO PALHAÇO...
O que aconteceu com o povo?
Que à praça a esmo assistia ao palhaço que se apresentava?
Ele, agora, a chorar conta os pombos.
Sua arte aos poucos perdeu a graça.
Aos porcos, sem querer, ofereceu seu tino.
A poesia, que outrora cantou, perdeu a rima.
Hoje, seu hino, sua máscara e pintura, sem graça,
deixam sua cara triste, marcada pelo córrego de lágrimas,
transparecer em sua translúcida face.
A derreter está...
Cabelos vermelhos; não mais, hoje secam, caem.
A ruminar, a olhar os pombos, a admirar os porcos...
Bate o desespero, que revela sua carranca, nunca jamais vista... Que entristecida está...
Os pombos o cercaram...
Apreciavam tão espetaculoso soluçar.
Admirados, os pombos, como que sorriam, festejavam.
As pipocas, deixadas em paz, escureceram pela solidão.
O povo parou a admirar tão absurda visão.
Como que em frenesi, espalham-se gargalhadas.
O povo volta a rir.
O palhaço chora, os pombos enlouquecem e os porcos pensam na nostalgia das pipocas.
18/05/2008.
Marcio J. de Lima
(Texto exposto no Fala Poeta Unicentro-PR. Publicado originalmente como PIPOCA).