O Relógio

Meu relógio não mais é escravo do tempo

Meus olhos não mais querem ter a luz

Meus pés não seguem, nenhum caminho os conduz

Meus segundos são, desde já, mais um passatempo.

Meus lábios não cantam nem fala mais

Minhas mãos não acariciam mais qualquer um

Meu corpo arde-se e despe-se sem ficar nu

Minhas defesas não se defendem mais, ficam por trás.

Os segundos mortos na parede,

Tempo desleixado ao fiel,

Favo da colmeia sem mel

Aguardando a rainha dele.

Horas soltas dum relógio velho

Sem ponteiros nem formosura

Horas da mais intensa loucura

Reflexo do “eu” sem espelho...

Izaías Serafim
Enviado por Izaías Serafim em 04/08/2013
Código do texto: T4418910
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.