Não é por acaso
Não é sem querer que passo pela tua estrada
E nem é por acaso meu enorme sorriso espalhado
Sirvo não apenas para enfeitar os dias de alguém
Mas também sirvo para testemunhar o céu, o sol e o mar
Contemplar tocando com os olhos cada lugar
Nem é tão escura a noite sem teus beijos
Nem teus beijos são os meus últimos desejos
Quero mais do que o canto pode dar
Quero a eterna melodia dentro de cada nota produzida
Quero o momento seguinte ao prazer alcançado
Penetrar no teu sombrio pensamento e clarear os sons
Tendo a alegria como companhia e a dor como lição
Nem é tão demorado assim o meu sofrimento
Quando a dor passa por mim deixa sempre um lamento
É real a minha culpa se alguém chora por mim
Como é real a lágrima que derramo quando o sândalo perfuma o ar
Se for com meu machado de guerra o corte tão necessário
Da gota de água que cai ao desfolhar de uma flor
A culpa foi do vento ou já era velha a flor que desfolhou?
Nada é por acaso companheiro, nada é sem querer amor
Tudo o que a vida nos ensina é a dor do não vivido
E é dessa dor que tento dizer-te agora e outrora disse eu
Será que enlouqueci ou será que o encontro nem aconteceu?