Coloquialmente surreal
Vou fabricar outra existência
no amor, tecer certas desinências,
gramaticar mais minhas palavras
de forma rísica,
tonicamente traduzidas
e quem sabe, assim, a vida,
coloquialmente, não me quererá mais
Trarei comigo, preso à mão,
um sedoso coração
louco para amar os verbos,
parenteseando as ilusões,
sem crer que apenas com a razão
possa saber de tudo.
Voz há que me cala
e a coragem que atrapalha
e nem um parágrafo leia
angustiando vírgulas e pontos
da leitura que fizer
de minha alma.
Melhor é ir deitar-me e dormir,
amor há que me mereça e espere
e saiba que para se viver
antes é preciso querer
pôr os passos na estrada e vencê-los.
A frase fiz que riu de mim
e é por isso que me sinto assim
tão macondianamente enfeitiçado
que qualquer realismo fantástico
da Colômbia, venha para União.
Haja zumbis na noite
que pesadeliando digam-me no escuro
que de todos esses absurdos
o pior é não se pensar em nada!