Solidão consentida
Passo as horas meditando
Porque a solidão me abandonou
Estou por acaso assim tão esquecida
Que de mim nem quer saber a dor?
Onde estão os poetas de agora
Não encontro mais com um a vagar
Estão nos bares da vida entediados
Ou estão cansados da musa procurar?
Quero a noite, as estrelas, a lua.
Quero vestir novamente as letras que me cabem
Não sou mais a menina que foi tão sua
Nem me conhecem mais os que me sabem
Que se aproximem também as dores e esquecimentos
Quero fazer coleção das angústias doloridas
Quero construir um muro de lamentos
Em mim concentrar todas as feridas
Preciso da parte que me cabe
Aquela que ninguém mais quis
As sobras dos amores perdidos
Os trocados da meretriz
Se em mim depositei as perdas do que não tive
Também enterrei a ternura que me restou
Vem solidão parceira, senta aqui não me evites.
Chegue perto e veja quem de fato eu sou.