Dentro de um minuto
São eternos os encantos
Enquanto os pássaros cantam
Ouve-se música erudita
No singular verbo do inteiro
Sente-se sozinho o jardineiro
Que tanto plantou no lugar
A menina não para de sonhar
Enquanto a senhora já cansada de saber
Fita o infinito sem querer
Em busca do tempo perdido
Ou talvez quem sabe do segundo
Primeiro segundo que ainda cabe
Na solitária guitarra do cantor
É amor que cabe no próximo segundo
Fantasia da realidade tão obvia
Sem pudor a lagarta despe o couro
Lança-se em asas ao ar livre
Como livre é quem passa pela menina
Que também sem correntes segue
Quebrando assim o sono leve
Que a fazia dormir sem conhecer
Um todo segundo lá fora
Naquela mesma eterna hora
Da hora que se pediu
Foi atendida a senhora
E agora tinha segundos de presente
Sem saber o que fazer do tempo
Chorou, pediu e implorou
A alguém que passava tão errante
O que faria com o tempo ganho?
Pra onde, direção ou tamanho?
Ninguém respondeu e ela chorou
Até que a menina chegou bem perto
Disse que teria descoberto
Um tesouro ali adiante
Seria um mundo bem distante
E as duas seguiram em frente
Caminham até hoje sem saber
Da estrada que encanta e faz sofrer
Mas sem querer parar pra pensar
Já são as duas pessoas uma só pessoa
E embora a estrada não termine
É assim que a história voa
Nas asas daquela borboleta
Que ganhou o céu e foi embora