NOTÍVAGO
a rua deserta e a madrugada fria
pela primeira vez me faz ter medo
a rua que tanto conheço me faz tremer
e ainda está muito longe o amanhecer
em passos lentos eu ando
em falta com a minha sensatez
vendo que essa minha embriaguez
não me leva a lugar nenhum
sou um notívago inveterado
rasgo noites e madrugadas
as emoções, minhas camaradas
me acompanham em brindes diários
o hálito que exalo me sufoca
me faz pensar em mudar
imaginar uma cama quentinha e macia
mas esse vício cruel me alicia
se aproveita da minha fragilidade
um ser sem valor a percorrer a rua
em busca do agasalho do lar
sem ter alguém para quem apelar
molhado da chuva fina que cai
quase nada vendo pela frente
um pobre coitado, um demente