NOTÍVAGO

a rua deserta e a madrugada fria

pela primeira vez me faz ter medo

a rua que tanto conheço me faz tremer

e ainda está muito longe o amanhecer

em passos lentos eu ando

em falta com a minha sensatez

vendo que essa minha embriaguez

não me leva a lugar nenhum

sou um notívago inveterado

rasgo noites e madrugadas

as emoções, minhas camaradas

me acompanham em brindes diários

o hálito que exalo me sufoca

me faz pensar em mudar

imaginar uma cama quentinha e macia

mas esse vício cruel me alicia

se aproveita da minha fragilidade

um ser sem valor a percorrer a rua

em busca do agasalho do lar

sem ter alguém para quem apelar

molhado da chuva fina que cai

quase nada vendo pela frente

um pobre coitado, um demente

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 29/07/2013
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