REFLEXÕES SOBRE A VIDA, O UNIVERSO E TUDO MAIS

A criatividade é apenas

a criança sincera,

a inimizade com o bom senso

e a contestação dos padrões de mundos alheios,

pois cada mente é uma arte única.

Falando sozinho.

Sem minha voz.

E ditando aos meus dedos

cada pensamento

da forma que vem a mim,

sobre minhas divagações sobre divagações,

sobre o teclado que segue as letrinhas da minha mente.

Reflexo nem um pouco integral

da totalidade dos meus pensamentos.

Embora insuficiente,

é ainda necessário.

Talvez minha música soe estranha para mim

da mesma forma que minha voz gravada

não reflete o que está ecoando no meu crânio,

por isso suas frequências se alteram

e se tornam estranhas de mim mesmo,

mas velhas companheiras de quem gosta

do som que vem do meu corpo.

Talvez ela seja só ruim.

Mas o que é ruim?

Em breve, pensarei nisso.

Talvez não seja ruim?

Mas ser bom é uma coisa boa?

Peraí!

Scorpions, Aerosmith, Queen,

Aphrodite's Child, U2...

Cada um tem um modo tão peculiar,

tão sincero de compor suas baladas!

Talking Heads, Tom Zé, Pink Floyd,

Renaissance, Nick Drake, Os Mutantes,

Led Zeppelin, Joy Division, The Zombies,

Chico Buarque, Raul Seixas, Kraftwerk...

Como são lindas as almas desinibidas!

E me perco em divagações.

Como você? Talvez.

Peraí!

A cada boa música

sentimos uma alma diferente.

E imitações de algumas

levam a repetições de padrões,

o que facilita a assimilação

em mentes preguiçosas.

Não me julgo capaz de escolher

uma alma como a mais linda.

Mas sei que algumas gritam mais alto

quando pisco para elas.

Isso é o resultado final da minha teoria

de que se todos e cada um fossem sinceros

consigo mesmo e com o mundo,

e externassem uma arte

vinda do mais profundo de suas mentes,

estaríamos sempre encantados e maravilhados

com belas criações artísticas

- a verdadeira arte,

aquela que vem daquilo que só você pensa,

que ninguém consegue revelar,

por medo das imposições

de belo e feio.

Pois só é belo em comparação ao que é diferente

e já se consolidou como mais útil e prático.

Por preguiça, certos padrões foram estabelecidos

para evitar a fadiga da procura por novos padrões

musicais - e artísticos, em geral -

que agradassem ao maior número possível de pessoas.

Portanto,

a arte fonográfica estacionou em artistas que se imitam entre si,

tentando imitar melodias, harmonias, ritmos, cores e sílabas

já consagradas pelo maior público possível

- o que é certo de que será rentável,

ao contrário de uma aposta.

Mas ainda existem grandes mentes que não tem medo de se revelar

em seu mais íntimo.

Sua música os deixam nus.

Eles sangram em seus medos

e vergonhas,

mas se entregam, nus,

para o deleite de seus empáticos

e a coloração do escuro

das mentes de seus apreciadores.

As palavras que escrevo

tem o significado que eu dei para elas.

Apenas esse é verdadeiro (para mim).

E a palavra 'poesia'

é escrita por mim,

vinda do meu próprio mundo,

dos modos como eu a construí

- sincero, real, instantâneo e reflexivo -

em todo o tempo que já me foi concedido.

Se toda a crítica e toda paixão

estarão apenas em meu mundo,

por que eu deveria me preocupar

com a minha empatia,

que se vê dentro das outras mentes,

tentando descobrir o impossível:

a maior verdade de sua alma

- sobre mim e sobre o mundo dele?

Convulsões.

Tantas cores.

Tantos sons inaudíveis.

Tanto estímulo.

Tanto reflexo.

Louco.

Estranho.